Uma homenagem à mulher-mãe!

"E num dia de bendita magia, numa explosão de luz e flor, num parto sadio e sem dor, é capaz, bem capaz, que uma mulher da minha terra consiga parir a paz. Benditas mulheres." Rose Busko

Desafios da Amamentação

Nosso encontro de hoje foi riquíssimo e cercado de muita emoção. Mas de todas as conversas desta manhã, nenhuma ilustra melhor o intensidade deste sábado do que o depoimento que nossa querida Thais nos encaminhou. Choramos juntas e debatemos juntas este que é um tema que envolve e emociona a todas.

Então ai vai... com a expectativa de que sirva de alerta e reflexão - até a próxima Conversa de Mãe!

Meu nome é Thaís e um pouco antes de completar 24 anos, engravidei dentro de um casamento que na época contava 8 meses. Foi um susto para mim e para ele. Não pulei de alegria e também não pensei em interromper, mas chorei. Chorei de medo, chorei de revolta e até mesmo de emoção. Eu nunca tinha tido experiência direta nenhuma com criança e bem menos com bebês... Como poderia eu, então, cuidar de um? Passado exato um mês, eu já estava de bem com a novidade. Comecei a ler sobre esse novo mundo que chegaria. Olhava muitas fotos, lia muitas matérias e todas sempre muito positivas. Vira e mexe me pegava olhando uma revista na banca de jornal com famosos que acabara de ter seus babies e todos estavam lá: sorridentes, lindos e felizes! Isso me criava várias expectativas, ansiedades... E meu desejo de ter o meu baby crescia veementemente. Nossa! Eu iria amamentar! Sempre me derreti com fotos de mamães amamentando e agora seria a minha vez! Essa idéia que antes nem passava pela minha cabeça agora tinha virado um sonho!
Eu sempre quis parto normal porque vamos combinar, sem querer defender bandeira nenhuma, se cesárea é cirurgia, aonde entra o Parto nesta história toda? Parir é quando você mesma dá a luz a um novo ser e não quando médicos fazem isso por você... Mas enfim, esse assunto rende. Como dizia, eu sempre quis PN, mas no meu último momento optei pela cesárea... Por quê? Não sei. Tentei agradar algumas pessoas, tentei facilitar as coisas, tentei ter tudo planejado... Desculpem-me, mas eu não sei definir bem o porquê. Eu sei dizer que foi essa minha opção e também sei dizer sobre o quanto me arrependi depois. Porém pra não me alongar no texto, vou pular essa parte e falar do momento que a Sophie chegou! Foi tenso e intenso. Ela chorava muito e descontroladamente. Perdia o fôlego. Confesso, eu não sabia amamentar. Não sabia quanto tempo deixar um bebê no peito, não sabia posicioná-la no meu seio, não sabia quantas vezes eu precisava amamentá-la. Por quê? Porque eu me prendi demais na beleza que é a maternidade e esqueci-me do outro lado da moeda. Na verdade, acho que a sociedade também se esquece disso. Eles se esquecem de dizer o quanto dói amamentar, as dificuldades que podemos passar e todos os outros anexos que podem vim. Eu a amamentei no hospital, mas por ela chorar demais, levaram-na pra tomar o tal do complemento (que eu nem sabia o que era até então). Hoje paro pra pensar e fico questionando: Se existe tanta campanha em prol do aleitamento materno, por que não nos auxiliam a amamentar? Porque não jogam limpo com a gente e nos deixam preparadas pra tudo que pode vim? Estaríamos mais fortes assim, não concordam? Infelizmente, não tive o auxílio de ninguém. As únicas coisas que eu escutei dentro da maternidade sobre isso foram: “Trouxe a sua filha. Coloca ela no peito.” e “Você só tem o colostro. Isso não alimenta”. Eu me sentindo a mulher mais poderosa do mundo naquele momento por estar começando a produzir o alimento da minha filha e eles me dizendo que eu era fraca pra isso e precisaria de uma intervenção. Mas pelo menos não usaram a mamadeira.  

Porém quando cheguei em casa e fui tomar um banho, confiei a Sophie às pessoas que estavam por perto e ela novamente começou a chorar muito. Eu escutei o choro do banheiro e passei daquele banho lento e relaxante pra um rápido e preocupado. Quando consegui vestir-me (depois de muito esforço por causa da cirurgia) o pai da Sophie também havia ignorado meus superpoderes (acho que só eu acreditei nele mesmo) e tratou de providenciar um novo alimento pra nossa pequena. Comprou mamadeira e leite e alguém (não me lembro quem) conseguiu fazer aquilo que tinha se tornado o meu sonho: amamentá-la. Daí pra frente, minha pequena não me quis mais.  

O colostro se transformou em leite e eu ficava maravilhada com aquilo, porém passou a não servir de nada. Eu chorava muito. Sentia-me incapaz. Eu queria aquilo e a Sophie precisava daquilo. Minha cabeça ficou a mil. Eu não conseguia pensar direito, agia estranho e estava constantemente deprimida. Não tinha com quem conversar porque quando temos um filho, a atenção é pro nosso filho. E naquele momento o que importava para todos, inclusive pra mim, era que a Sophie estivesse bem e ponto final. Eu tinha que dar conta. A sociedade também cobra pra que você amamente e nesse momento que eu passei, isso também piorou muito as coisas. Era algo do tipo: Você precisa amamentar e você tem que amamentar. Não é uma questão de sonho e sim, de saúde! Mas esqueceram que o fato não era que eu não queria e sim que eu não conseguia. Minha cabeça saiu do equilíbrio nesse período. Deixei a assunto “sonho” de lado e comecei a querer atender às cobranças alheias. Foi quando procurei a Cátia e ela me ensinou a fazer a “relactação”, ou seja, amamentar através de uma sonda. Era muito complicado carregar aquilo tudo nas idas ao pediatra ou acordar de madrugada e usar aquilo. Mas a cobrança e a minha vontade também me davam uma força física muito grande. Eu que odiava perder uma noite de sono, ficava lá com a Sophie, enfiando o canudinho na boca dela. E não foi só isso que eu tentei. Eu juro! Tentei copinho, colher, carinho, oração... Nada funcionou. Era uma frustração atrás da outra e a cobrança do meu lado. Foram dias muito difíceis e sem querer exacerbar nas palavras, muito sofridos também. Eu chorava todos os dias e em vários períodos. Até que chegou um dia que a Sophie realmente preferiu a mamadeira. Se eu experimentasse colocá-la no peito, ela me arranhava, chorava, gritava. E eu entendi que aquele era momento de parar. Mas não foi fácil entender isso não. A cabeça que já estava desequilibrada ficou pior. Eu entendi esse momento como uma falta de amor. Comecei a achar que a Sophie não me queria, não me amava. E isso só foi passar um bom tempo depois quando ela começou a demonstrar que queria meu colo e se acalmava quando eu o dava. Ou seja, com seis ou sete meses. Hoje estamos bem. A Sophie é muito esperta e saudável. Aquela cobrança toda de todos é até justificável, mas não totalmente embasada. As pessoas me assustavam dizendo que eu não teria um “bom bebê” sem leite materno. Bom, eu tenho! A melhor bebê do mundo. Mas amamentar ainda é o meu sonho e sim, isso é muito importante mesmo para os bebês. Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo diferente. Começando por lutar pelo Parto Normal. Hoje, se me pedissem pra aconselhar outras futuras mamães e futuros papais eu diria:  

Mamães, informem-se ao máximo sobre o aleitamento materno! Compreendam suas trevas e suas luzes. Assim vocês estarão mais fortes pra lidar com a situação e por mais que estejam sensíveis nesse momento sejam fortes! Se não derem conta, bom, sobre isso eu não posso aconselhar muito. Ainda não superei, mas quando conseguir, escrevo novamente!  

Papais, ajudem suas esposas a cuidar do mais novo integrante da família e entre uma fralda e outra, olhem pra elas! Elas também precisam de cuidados. Eu sei que você também quer ser cuidado, quer ter sua esposa cheirosa e bonita novamente do seu lado, quer poder jantar tranquilamente de novo, quer sua vida sexual de volta já, mas entendam, nós, recém-mamães viramos reféns dos nossos hormônios. Algumas mulheres tiram isso de letra, outras caem em todas as oscilações que eles provocam. Sentem com elas, escutem-na. Levem-na para passear, distrair, perguntem se está tudo bem. Acreditem: Vale a pena! Logo logo ela estará ali novamente pra você. Cuidando e zelando pelo casamento, família, trabalho, amigos, filhos... Vocês! 

Beijos, Thaís, mamãe da Sophie.

2 comentários:

  1. Engraçado como conheço a Thaís há pouco mais de 2 anos ou 3 anos e sabia apenas da poesia da maternidade em sua vida e não da dificuldade que passou. Se antes já admirava essa mãezona, agora então...

    Lindo depoimento! Me faz pensar ainda mais em questões práticas em relação ao meu baby que está com um pouquinho mais de 3 meses em meu ventre.

    Não duvido que amamentar doa, pq meus seios já doem agora, imagina ter um "bezerrinho" sugando os coitados tão sensíveis... mas espero que eu consiga dar conta e agora, após ler o texto da Thathá, penso que preciso de muuuuita ajuda! Vou procurar um cursinho! rsrsrsrs

    Bjos
    Dani (somosmaisquetrês.blogspot.com.br)

    ResponderExcluir