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"E num dia de bendita magia, numa explosão de luz e flor, num parto sadio e sem dor, é capaz, bem capaz, que uma mulher da minha terra consiga parir a paz. Benditas mulheres." Rose Busko

Educação Infantil

Educação para a Paz

Por: Silvia Maria Gunther
Publicado originalmente na Revista Escola de Pais, 
nº 3, jun 2011,  p. 21. Biguaçu: EPB.

O Ser Humano, por ser criativo, manifesta o seu potencial de diferentes formas, de acordo com a herança genética que traz consigo ao nascer, com o meio social em que vive e que propicia a descoberta e o desenvolvimento dos seus talentos. Cada Ser Humano é único e se constrói durante toda a sua vida. Esses talentos produtivos são usados, tanto para criar coisas construtivas, quanto para criar coisas destrutivas. O que vai direcionar e diferenciar essas escolhas, é exatamente a EDUCAÇÃO que recebemos desde antes de nascer. Acredito que toda semente pode germinar, desde que o solo seja propício e que pode dar bons frutos, se encontrar as condições que favoreçam o seu desenvolvimento saudável.

É na família que a educação para a paz começa. É nas famílias que está a esperança de um mundo melhor. “O que fazemos na vida, ecoa na eternidade”, trecho do filme “O Gladiador”, nos mostra o quanto somos responsáveis por tudo que acontece no mundo e o quanto temos que ser conscientes das escolhas que fazemos, tanto para a paz, quanto para a guerra.
Quando a criança chega à escola, aproximadamente aos sete anos, a matriz do seu caráter já está, praticamente, formada. Pode estar bem ou mal formada. Transformar essa criança é uma tarefa muito mais difícil do que seria poder melhorar e ampliar as potencialidades de paz, de amor, de respeito (por si mesma e pelos outros), que já existissem na sua essência, aprendidas pela boa educação recebida de seus pais.

Temos visto diariamente a quantidade de agressões sofridas pelos professores, por parte de seus alunos. Conheço excelentes educadores que desistiram da sua profissão, por temer os danos que a violência existente na educação atual estava causando a sua saúde. Ter que optar por educar ou continuar vivendo é lamentável e representa uma perda para todos. A função da escola, de educar o ser humano em seu aspecto integral, tem exigido dos professores, uma atuação que compete aos pais. Muitos professores, tem tido pouco êxito em estabelecer limites aos seus alunos, exatamente porque são professores e não são os pais dos alunos. Os limites devem ser dados em casa, pelos pais e introjetados pela criança, até os três anos de idade.

Professores tem tido que atuar, também, como psicólogos, na tentativa de entender e ajudar em aspectos emocionais disfuncionais, trazidos pelos alunos, de suas famílias para a escola e que impedem a aprendizagem e a boa convivência com outros seres humanos. O calendário escolar está cada vez maior e o aprendizado cada vez menor. Sobra pouco tempo para a troca de conhecimentos cognitivos, que é a principal função do Educador ou Facilitador ou Professor, como era respeitosamente chamado, nos saudosos e bons tempos da Educação Escolar. Já é hora de Escola e a Família unirem esforços para alcançar a tão esperada Educação para a Paz.

Há estudos que atribuem a fatores genéticos as tendências patológicas dos transtornos de personalidade detectados na infância. É o que conhecemos como crianças difíceis desde pequenas. São crianças que requerem muito mais atenção, muito mais tempo, muito mais limites e muito mais amor, para encontrar o equilíbrio emocional.

Educar é uma decisão de muita responsabilidade e muito mais tem sido no mundo de hoje, em que pais veem a necessidade de trabalhar muito para dar o melhor no aspecto material aos filhos: desde boas roupas, boas escolas, boas oportunidades de viagens e de vida. O tempo que passam junto com seus filhos, fica em muito reduzido e a atenção é compensada com presentes e permissividades.

Ouço pais dizerem: “Já ficamos tão pouco tempo com nossos filhos e se nesse tempo ficarmos dizendo não e dando limites a eles, vamos ser odiados. Temos então, os “pais bonzinhos” que dizem sim para tudo que os filhos pedem. O mundo de hoje precisa de “pais bons” que sabem dizer SIM e NÃO quando é necessário, com o único e amoroso objetivo de educar.

O excesso de permissividade vem acompanhado da tentativa de aliviar a consciência, por saber que estão deixando faltar o principal na educação de seus filhos: tempo e atenção. Tempo e atenção na qualidade e quantidade necessárias a cada filho respeitando a sua individualidade. Esse é um aspecto que exige muita atenção e maturidade dos pais, pois a quantidade de tempo e atenção que cada filho necessita, varia de um para o outro.

Querer educar filhos diferentes de maneira igual é o grande erro cometido e que gera a maioria dos traumas e transtornos, tratados nos consultórios de psicologia. Cada filho é único e incomparável. Cada filho necessita de uma quantidade diferente de amor, incluindo: beijos, abraços, palavras de incentivo e apoio, brincadeiras, histórias e também de rigor em momentos em que, mostrar o caminho correto a ser seguido, se faz necessário.

Quando falo em qualidade, asseguro a necessidade de os pais estarem presentes e inteiros, quando estão com os seus filhos. Tudo o mais deve ser menos importante naquela hora. Nenhum negócio ou problema pode ocupar o espaço daquele tempo. Esse momento deve ser construtivo, agradável e inesquecível para ambos, a cada novo dia, a cada novo encontro. Acredito na frase: “Ninguém, muda ninguém e ninguém muda sozinho. As verdadeiras mudanças acontecem nos verdadeiros encontros” (Roberto Crema). Esses momentos de encontros, únicos e de valor inquestionável, entre pais e filhos, são a base de toda a EDUCAÇÃO PARA A PAZ.

Pais e filhos crescem e se educam mutuamente, quando se permitem estar presentes para poder manifestar o amor incondicional que sentem um pelo outro. Pais e filhos necessitam da quantidade e qualidade de tempo suficiente para se conhecerem e para se reconhecerem, um no outro, como partes diferenciadas de um todo maior, com a certeza da “inteireza” e da unicidade de cada um. Só amamos o que conhecemos e hoje muitos pais não tem tempo de conhecer os seus filhos e de serem conhecidos por eles.

Ao longo da vida, temos de responder a muitas perguntas. Quem somos e o que viemos fazer nesse mundo? Como supero os obstáculos que a vida me proporciona? Qual é a melhor escolha a ser feita? O que quero aprender e ensinar? Essas e muitas outras perguntas, só encontram respostas adequadas a cada um, se respondidas dentro dos princípios e dos valores da família. As famílias têm como função ajudar a encontrar as respostas para todos os questionamentos que tenham por objetivo a construção do SER.

Quando falo em família reconheço-a em todas as dimensões e estruturas que elas tenham, pai-mãe-filhos, pai-pai-filhos, mãe-mãe-filhos, pai-filhos, mãe-filhos, ou qualquer outra manifestação mais recente. Todas as famílias merecem ser respeitadas por abrigarem em seu ideal maior, a mesma grande tarefa de educar.

O mundo também educa, mas nem sempre os “mestres” encontrados na “escola do mundo”, têm o amor que temos pelos nossos filhos. Nem sempre as lições aprendidas no mundo serão tão bem aprendidas e ensinadas e por certo, em muitas delas, as consequências são irreparáveis.

É verdadeira a afirmação de que, quem não aprende pelo amor, vai aprender pela dor. Com toda a certeza estamos nessa vida para aprender, de um jeito ou de outro. Se os pais não tem tempo para educar filhos, a vida e o mundo os educarão. Essa é uma escolha que devemos fazer antes de gerá-los. Por isso é tão importante o planejamento familiar, não olhado pelo fator financeiro de quanto de herança material temos para dar a cada filho e sim pela riqueza maior e insubstituível de tempo e atenção que o amor à educação dos nossos filhos requer. Vamos ter tempo, para lhes dar a atenção que eles precisam e merecem, para se tornarem cidadãos?

Educar filhos cidadãos é ensiná-los a conhecer e viver os seus direitos e deveres e a serem responsáveis pelos seus pensamentos, sentimentos e ações. É ensiná-los com exemplos e atitudes a viver em paz consigo (respeitando o seu corpo, que é a casa da sua alma), com os outros seres humanos com os quais convivem e com o planeta em que habitam, incluindo o respeito por todas as formas de vida.

O respeito pelos filhos e pela educação que eles receberão deve começar antes mesmo da concepção, pela preparação dos pais que educarão seus filhos. Buscamos qualificação em tantas áreas e onde aprendemos a grandiosa arte de educar? Pais que se amam e se respeitam, que amam e respeitam os seus filhos, buscam aprender e se atualizar constantemente, para transmitir os valores e princípios de paz e amor, voltados para o bem. Pais educam e motivam, pelo exemplo de servir, muito mais com atitudes, do que com palavras. 

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