Uma homenagem à mulher-mãe!

"E num dia de bendita magia, numa explosão de luz e flor, num parto sadio e sem dor, é capaz, bem capaz, que uma mulher da minha terra consiga parir a paz. Benditas mulheres." Rose Busko

Paternidade em tempos de mudança

Da porta pra fora, a sociedade ainda não entendeu o papel do pai. Estimulam ele a "ajudar" como se ele não fosse parte importante do processo de cuidado. E quando a parte mais debilitante do pós-parto passa, eles acabam por julgar que já está tudo normal novamente e a "ajuda" deixou de ser necessária.

Mas eu começo perguntando quem define o normal? Porque como era antes nunca mais será e já passou da hora de todo mundo entender isso.

Para nós o processo de adaptação também é difícil, mas nós não somos ajuda - a gente "tem q" - ou ao menos é o que o mundo diz. Então ficamos e eles retomam, restando a estranheza.

De nós também sai o perigoso discurso da ajuda... na maioria das vezes mais por hábito, fato, mas palavras passam uma mensagem e é preciso ter cuidado com elas. Então antes de dizer "ele me ajuda bastante", se pergunte: é um ajudante que você espera à seu lado?

Lidando com casais ao longo dos anos, pude perceber que, na imensa e esmagadora maioria dos casos, o problema enfrentado pelos dois tem dois venenos:

De um lado a mãe sobrecarregada em suas tarefas do cuidado, muitas vezes debulhando frustração em lágrimas, quanto espera que o outro adivinhe seus pensamentos e suas expectativas sobre a participação do companheiro após o nascimento do bebê. Expectativas - o primeiro veneno. Ah, mas eu falo, peço e sempre tenho que repetir pq ele não faz nada voluntariamente... se você se pega respondendo assim, talvez tenha criado expectativas inclusive sobre que tipo de pessoa ele é.

Do outro lado o pai confortavelmente debruçado sobre àquele papel de omissão e ausência que a sociedade lhe permite e do qual ele nada fez para escapar. Zona de conforto - o segundo veneno. Ah, mas eu troco fralda, mas eu não tenho peito pra dar, mas eu dou banho... se você se pega argumentando assim, então já sabe que tá falhando - fica a dica.

Não, eu não tenho receita pronta e nem me pretendo dona da verdade - pra mim os aprendizados são provenientes do erro e da reflexão.

Mas a meu ver o duro e incrível caminho da maternidade e da paternidade deveria ser trilhado de braços dados com diálogos constantes e mútuos acordos. Profundas reflexões sobre o que um espera do outro e sobre que escolhas se pretende fazer ao longo do cuidar e educar desse novo ser que chega, mesmo antes dela ou dele chegar.

Porque acredite, as escolhas são muitas - e as divergências também serão.

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